COMPRIMIDOS EFERVESCENTES E HIPERTENSÃO ARTERIAL: QUAL A EVIDÊNCIA?

Autores

  • Vânia Alheiro Interno de Formação Especifica em Medicina Geral e Familiar
  • Nuno Gonçalves Interno de Formação Especifica em Medicina Geral e Familiar
  • Celeste Marinho Assistente Graduada em Medicina Geral e Familiar

DOI:

https://doi.org/10.58043/rphrc.13

Resumo

A relação entre a ingestão de sódio e a HTA está bem estabelecida, a OMS recomenda um limite de 5g de consumo de sal diário na população em geral, o que equivale a 2g de sódio. Sabe-se que a principal fonte de consumo de sal está associada a dieta, no entanto, outras formas de consumo são muitas vezes negligenciadas, como é o caso do sódio presente nos fármacos. O sódio é amplamente utilizado na formulação de medicamentos, podendo ser usado como principio ativo ou como excipiente. Algumas formulações farmacêuticas contêm grandes quantidades de sódio como excipiente, como é o caso dos medicamentos efervescentes. Portanto, estes medicamentos com alto teor em sódio contribuem para a ingestão global de sódio, podendo contribuir para o aumento da tensão arterial e em consequência para o aumento do risco cardiovascular dos nossos utentes. O objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão da literatura sobre a influência dos comprimidos efervescentes na pressão arterial e potencial risco cardiovascular, com recurso à classificação SORT.

Foi elaborada uma pesquisa de Normas de Orientação Clínica e guidelines, revisões sistemáticas, meta-análises e ensaios clínicos aleatorizados e controlados na Medline, Cochrane Library, Bandolier, DARE, TRIP Database, Evidence Based Medicine online, Clinical Evidence e Pubmed publicados entre 2008 e 2018, utilizando as palavras-chave (termos MeSH) “efervescente drugs”, “hipertension”. Para atribuição do nível de evidência e força de recomendação foi usada a Escala SORT (Strength of Recommendation Taxonomy) da American Academy of Family Physicians.

Esta revisão sistemática sugere que a exposição a drogas com alto nível de sódio, nomeadamente efervescentes, podem estar associada a um aumento da pressão arterial e consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares.
Apesar dos resultados obtidos a presente revisão destaca a escassez de evidências neste campo de investigação, sendo necessários mais estudos para caracterizar esse risco iatrogénico.

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Referências

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Publicado

2022-05-14

Como Citar

1.
Alheiro V, Gonçalves N, Marinho C. COMPRIMIDOS EFERVESCENTES E HIPERTENSÃO ARTERIAL: QUAL A EVIDÊNCIA?. RH [Internet]. 14 de Maio de 2022 [citado 25 de Abril de 2024];(86):23-6. Disponível em: https://revistahipertensao.pt/index.php/rh/article/view/13

Edição

Secção

Artigo de Revisão