CAPACITAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA DE DOENTES HIPERTENSOS RESIDENTES NA ILHA DA MADEIRA

Resumo

Introdução: A Hipertensão Arterial (HTA) é a patologia crónica mais frequente e a principal causa de morte em Portugal. A adoção de um estilo de vida saudável é pertinente na prevenção de HTA e no adiamento da necessidade de início de terapêutica farmacológica. A capacitação, entendida como a aquisição de informação por parte do doente sobre a sua patologia, numa consulta médica, apresenta benefícios na redução da HTA.
Objetivos: Avaliar a capacitação dos doentes com HTA seguidos no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) da Ilha da Madeira; avaliar a qualidade de vida (QV) dos doentes hipertensos; compreender se os doentes com maior capacitação têm um melhor controlo da TA e uma melhor QV, e comparar a capacitação avaliada pelos doentes que sofrem de HTA com a capacitação percecionada pelos médicos de Medicina Geral e Familiar que os seguem.
Material e Métodos: Estudo transversal e observacional numa amostra de conveniência de doentes hipertensos, por aplicação do questionário CapHTA para doentes, que avalia a capacitação sobre HTA, da escala EQ-5D que analisa a QV e questões que permitem a caraterização sociodemográfica da amostra. O questionário CapHTA para médicos, foi aplicado aos respetivos clínicos prestadores de cuidados de saúde primários. Foi realizada análise estatística descritiva e inferencial paramétrica e não paramétrica.
Resultados: Foi estudada uma amostra de 80 doentes hipertensos, predominantemente do sexo feminino (57,5%) e com o ensino básico como grau de escolaridade (65,8%). Verificaram-se piores resultados nas questões 5 e 6 do questionário CapHTA. Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na capacitação segundo o grau de escolaridade, em que os grupos com menor escolaridade apresentavam maior proporção de respostas corretas. Não houve correlação estatisticamente significativa entre o controlo da tensão arterial (TA) e a capacitação, nem entre o controlo da TA e a QV.
Discussão: Os resultados deste estudo sugerem que há alguns défices na capacitação dos utentes, que devem ser colmatados para que os doentes obtenham um melhor controlo da sua TA e uma melhor QV.
Conclusão: A perceção dos médicos relativamente aos conhecimentos dos seus doentes sobre a HTA é coincidente com aquilo que os doentes realmente sabem sobre a sua patologia. Deverão ser efetuados mais estudos na Ilha da Madeira com amostras de maiores dimensões para reforçar as conclusões estabelecidas.