DOENÇA CORONÁRIA E SAOS: O QUE ESPERAR E COMO LIDAR

Autores

  • Carmo Bento Licenciada em medicina pela Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da beira Interior
  • M. Carvalho Rodrigues Médico Cardiologista no Hospital Pêro da Covilhã

DOI:

https://doi.org/10.58043/rphrc.17

Palavras-chave:

SAOS, Sono, EAM, Risco Cardiovascular, Aterosclerose

Resumo

Em Portugal, as doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morte! Um dos seus fatores de risco é a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono. Esta aumenta a morbilidade, mortalidade, incapacidade e tempos de internamento. Contudo, especificamente no enfarte agudo do miocárdio, promove o desenvolvimento e recorrência deste, mas parece reduzir a mortalidade.

Esta investigação pretende avaliar o perfil dos doentes com enfarte agudo do miocárdio e diagnóstico prévio de Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono e compará-los com o conhecimento científico atual.
Assim, recolheram-se os dados dos doentes internados com enfarte agudo do miocárdio em 2016 (população 1) e dos internados na cardiologia, pelo mesmo motivo, em 2017 (população 2) no Hospital Pêro da Covilhã. Estas populações foram divididas em 2 grupos. Um com os indivíduos diagnosticados com a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (grupo SAOS) e o outro constituído por indivíduos sem este diagnostico prévio (grupo SEM SAOS). Recorreu-se ao software Excel para fazer as devidas análises.

Na população 1 a prevalência de Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono foi de 4%, pertencendo todos os indivíduos do grupo SAOS ao género masculino. Neste, a média de idades foi inferior ao do grupo contrastante, os dias médios de internamento foram superiores, mas a mediana dos mesmos foi exatamente igual. A mortalidade e a recorrência de enfarte foram inferiores no grupo SAOS. Na população 2 a prevalência de Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono foi de 5,9%, também com afetação predominante do género masculino. Relativamente à média de idades, dias médios de internamento e mortalidade os resultados foram semelhantes aos da população 1. Contudo, a mediana dos dias de internamento na população 2 foi superior no grupo SAOS. A recorrência de enfarte foi nula para ambos os grupos.

Alguns dados estão de acordo com o espectável, nomeadamente, o género dos indivíduos, a idade média de ocorrência de enfarte, a média dos dias de internamento e a mortalidade. Contudo, é importante salientar que um subdiagnóstico da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono ou uma má/insuficiente recolha de dados pelo Hospital pode ter criado um viés na interpretação dos resultados, pois os grupos SAOS, de ambos os anos estudados, foram compostos por apenas 3 indivíduos cada um.

Concluindo, aconselha-se uma investigação mais extensa que clarifique as questões acima colocadas e a monitorização do sono e da oximetria noturna dos internados por enfarte do miocárdio.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Youmans, Q.R. et al., Disparities in cardiovascular care: Past, present, and solutions. Cleve Clin J Med. 2019; 86(9):621-632.

Instituto Nacional de Estatística - Causas de Morte : 2017. Lisboa : INE, 2019. Disponível na www: . ISSN 2183-5489. ISBN 978-989-25-0481-0. Consultado a 9 de Agosto de 2020.

Kwon, Y., et al. Obstructive sleep apnea and progression of coronary artery calcium: the multi-ethnic study of atherosclerosis study. J Am Heart Assoc. 2014; 3(5):e001241. 4. Chen, X., et al. Racial/Ethnic Differences in Sleep Disturbances: The Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis (MESA). Sleep. 2015; 38(6):877-88.

Kadoya, M. and H. Koyama. Sleep, Autonomic Nervous Function and Atherosclerosis. Int J Mol Sci, 2019; 20(4).

Marin, J.M., et al. Epigenetics modifications and Subclinical Atherosclerosis in Obstructive Sleep Apnea: The EPIOSA study. BMC Pulm Med, 2014; 14:114.

Javaheri, S., et al. Association between Obstructive Sleep Apnea and Left Ventricular Structure by Age and Gender: the Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis. Sleep. 2016; 39(3):523-9.

Joyeux-Faure, M., et al. Response to statin therapy in obstructive sleep apnea syndrome: a multicenter randomized controlled trial. Mediators Inflamm. 2014; 2014:423120.

Ma, L., J. Zhang, and Y. Liu. Roles and Mechanisms of Obstructive Sleep Apnea-Hypopnea Syndrome and Chronic Intermittent Hypoxia in Atherosclerosis: Evidence and Prospective. Oxid Med Cell Longev. 2016; 2016:8215082.

Briganti, G., et al. An unusual cause of obstructive sleep apnea syndrome. Clin Case Rep, 2019; 7(9):1694-1696.

Damiani, M.F., et al. Obstructive Sleep Apnea, Hypertension,andTheir Additive Effects on Atherosclerosis. Biochem Res Int. 2015; 2015:984193.

Nadeem, R., et al. Effect of obstructive sleep apnea hypopnea syndrome on lipid profile: a meta-regression

analysis. J Clin Sleep Med, 2014; 10(5):475-89.

Xie, J., et al. Nocturnal Hypoxemia Due to Obstructive Sleep Apnea Is an Independent Predictor of Poor Prognosis After Myocardial Infarction. J Am Heart Assoc. 2016; 5(8).

Rodrigues, A.P., et al. Obstructive Sleep Apnea: Epidemiology and Portuguese patients profile. Rev Port Pneumol (2006). 2017; 23(2):57-61.

Nagayoshi, M., et al., Association of sleep apnea and sleep duration with peripheral artery disease: The Multi- Ethnic Study of Atherosclerosis (MESA). Atherosclerosis. 2016; 251:467-475.

Gunnarsson, S.I., et al. Obstructive sleep apnea is associated with future subclinical carotid artery disease: thirteen-year follow-up from the Wisconsin sleep cohort. Arterioscler Thromb Vasc Biol. 2014; 34(10):2338-42.

Lutsey, P.L., et al. Objectively measured sleep characteristics and prevalence of coronary artery calcification: the Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis Sleep study. Thorax. 2015; 70(9):880-7.

Zulkifli, A., et al. Review Article: Obstructive Sleep Apnea and Atherosclerosis. The Indonesian Journal of Internal Medicine. 2016 Jan; 48(1):63-7.

Forcelini, C.M., et al. Age-dependent influence of gender on symptoms of obstructive sleep apnea in adults. Sleep Sci. 2019; 12(3):132-137.

Roca, G.Q., et al. Sex-Specific Association of Sleep Apnea Severity With Subclinical Myocardial Injury, Ventricular Hypertrophy, and Heart Failure Risk in a Community-Dwelling Cohort: The Atherosclerosis Risk in Communities-Sleep Heart Health Study. Circulation. 2015; 132(14):1329-37.

Suen, C., et al. Prevalence of Undiagnosed Obstructive Sleep Apnea Among Patients Hospitalized for Cardiovascular Disease and Associated In-Hospital Outcomes: A Scoping Review. J. Clin. Med. 2020 Apr; 9(989):1-17.

Downloads

Publicado

2022-05-14

Como Citar

1.
Bento C, Carvalho Rodrigues M. DOENÇA CORONÁRIA E SAOS: O QUE ESPERAR E COMO LIDAR. RH [Internet]. 14 de Maio de 2022 [citado 26 de Abril de 2024];(88):20-8. Disponível em: https://revistahipertensao.pt/index.php/rh/article/view/17

Edição

Secção

Artigo Original