ESTARÃO OS DOENTES COM FIBRILHAÇÃO AURICULAR MEDICADOS COM VARFARINA EFICAZMENTE HIPOCOAGULADOS? ESTUDO OBSERVACIONAL EM DUAS UNIDADES DE SAÚDE FAMILIAR DA REGIÃO DE LISBOA
DOI:
https://doi.org/10.58043/rphrc.2Palavras-chave:
fibrilhação auricular, varfarina, TTRResumo
A fibrilhação auricular (FA) é uma das principais causas de acidente vascular cerebral e a redução deste risco passa pela hipocoagulação eficaz, que se traduz por maximizar o número de INRs em intervalo terapêutico (TTR) nos doentes medicados com varfarina.
Este estudo observacional e retrospetivo analítico teve como objetivos aferir os valores de TTR dos utentes medicados com varfarina por FA e inscritos em duas Unidades de Saúde Familiar e comparar a existência de fatores de risco potencialmente modificáveis e o número de eventos cardiovasculares e hemorrágicos entre os doentes com bom e mau controlo terapêutico. No total de 50 utentes elegíveis, 57,8% tinham valores de INR dentro do intervalo terapêutico e o valor médio de TTR foi 57,89%. Relativamente a fatores de risco modificáveis, 22% dos utentes apresentaram tensão arterial não controlada e 26% tinham prescritos anti-inflamatórios não esteroides ou anti-plaquetários. No grupo com mau controlo terapêutico, 58% tiveram eventos cardiovasculares e hemorrágicos (p = 0,288), e 58% apresentaram fatores de risco hemorrágico potencialmente modificáveis (p = 0,845).
O presente estudo verificou um bom controlo terapêutico relativamente a estudos nacionais e internacionais e valores inferiores a estudos nos cuidados de saúde primários a nível nacional. Associado ao grupo com mau controlo terapêutico, existiu maior número de eventos cardiovasculares e hemorrágicos e fatores de risco potencialmente modificáveis, apesar da ausência de significado estatístico.
Este estudo veio demonstrar que ainda existe um longo caminho a percorrer na melhoria do tratamento da FA em doentes hipocoagulados com varfarina nos cuidados de saúde primários, sendo necessária uma abordagem mais abrangente do utente de forma a diminuir a morbimortalidade nos mesmos.
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