ESTARÃO OS DOENTES COM FIBRILHAÇÃO AURICULAR MEDICADOS COM VARFARINA EFICAZMENTE HIPOCOAGULADOS? ESTUDO OBSERVACIONAL EM DUAS UNIDADES DE SAÚDE FAMILIAR DA REGIÃO DE LISBOA

Autores

  • Inês Correia Tavares Médica Interna de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar, ACES Loures Odivelas
  • Inês Santos Silva Médica Interna de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar, ACES Loures Odivelas
  • Mónica Cró de Nóbrega Médica Interna de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar, ACES Loures Odivelas
  • Cláudia Antão Médica Assistente de Medicina Geral e Familiar, ACES Loures Odivelas

DOI:

https://doi.org/10.58043/rphrc.2

Palavras-chave:

fibrilhação auricular, varfarina, TTR

Resumo

A fibrilhação auricular (FA) é uma das principais causas de acidente vascular cerebral e a redução deste risco passa pela hipocoagulação eficaz, que se traduz por maximizar o número de INRs em intervalo terapêutico (TTR) nos doentes medicados com varfarina.
Este estudo observacional e retrospetivo analítico teve como objetivos aferir os valores de TTR dos utentes medicados com varfarina por FA e inscritos em duas Unidades de Saúde Familiar e comparar a existência de fatores de risco potencialmente modificáveis e o número de eventos cardiovasculares e hemorrágicos entre os doentes com bom e mau controlo terapêutico. No total de 50 utentes elegíveis, 57,8% tinham valores de INR dentro do intervalo terapêutico e o valor médio de TTR foi 57,89%. Relativamente a fatores de risco modificáveis, 22% dos utentes apresentaram tensão arterial não controlada e 26% tinham prescritos anti-inflamatórios não esteroides ou anti-plaquetários. No grupo com mau controlo terapêutico, 58% tiveram eventos cardiovasculares e hemorrágicos (p = 0,288), e 58% apresentaram fatores de risco hemorrágico potencialmente modificáveis (p = 0,845).

O presente estudo verificou um bom controlo terapêutico relativamente a estudos nacionais e internacionais e valores inferiores a estudos nos cuidados de saúde primários a nível nacional. Associado ao grupo com mau controlo terapêutico, existiu maior número de eventos cardiovasculares e hemorrágicos e fatores de risco potencialmente modificáveis, apesar da ausência de significado estatístico.

Este estudo veio demonstrar que ainda existe um longo caminho a percorrer na melhoria do tratamento da FA em doentes hipocoagulados com varfarina nos cuidados de saúde primários, sendo necessária uma abordagem mais abrangente do utente de forma a diminuir a morbimortalidade nos mesmos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Vestergaard A, Skjoth F et al. The importance of mean time in therapeutic range for complication rates in warfarin therapy of patients with atrial fibrillation: A systematic review and meta-regression analysis. PLoS ONE. 2017 Nov 20;12(11):e0188482.

P. Kirchhof et al, 2016 ESC Guidelines for the management of atrial fibrillation developed in collaboration with EACTS European Heart Journal. 2016 Oct 7;37(38):2893-2962.

Gateman D, Trojnar M et al. Time in therapeutic range: Warfarin anticoagulation for atrial fibrillation in a community- based practice. Can Fam Physician. 2017;63(10):425-431.

Szummer K, Gasparini A et al. Time in therapeutic range and outcomes after warfarin initiation in newly diagnosed atrial fibrillation patients with renal dysfunction. Journal of the American Heart Association. 2017 Mar 1;6(3):e004925.

Bungard TJ, Yakiwchul E et al. Drug interactions involving warfarin: Practice tool anpractical management tips. CPJ/ RCP. 2011 Jan; 144(1):21-25e9.

Monteiro, Pedro. Estudo Safira: reflexões sobre a prevalência e os padrões de tratamento de fibrilhação auricular e risco cardiovascular em 7500 indivíduos com 65 anos ou mais. Rev Port Cardiol. 2018;37(4):307-313.

Guedes, M, Rego C. Estudo HIPOGAIA: monitorização da hipocoagulação oralcom dicumarínicos no concelho de Gaia. Revista Portuguesa de Cardiologia. 2015;35(9):459- 465.

Agnelo P, Alexandra D; Matias S. Monitorização de doentes sob hipocoagulação oral numa unidade de cuidados de saúde primários. Revista Portuguesa de Cardiologia. 2013; 33(7); 397-401.

Pinho-Costa L, Moreitra S, Azevendo C, et al. APOLO I: controlo da hipocoagulação na fibrilhação auricular. Revista portuguesa de cardiologia. 2014; 34(5): 337-345.

Gomes, E., Campos, R., Morais, R., Fernades, M. Estudo FATA: Prevalência de Fibrilhação Auricular e Terapêutica Antitrombótica nos Cuidados de Saúde Primários de um Concelho do Norte de Portugal. Acta Medica Portuguesa, 2015;28(1):35-43.

Urbonas, G.; Valius, L.; Sakalyte, G; PEtniunas, K.; Petniuniene, I. The quality of anticoagulation therapy among warfarin-treated patients with atrial fibrillation in a primary health care setting. Medicina, 2019, 55(1):15.

RydbergD,etal.Riskfactorsforseverebleedingeventsduring warfarin treatment: the influence of sex, age, comorbidity and co-medication. Eur J Clin Pharmacol. 2020;76(6): 867–876.

Downloads

Publicado

2022-05-10

Como Citar

1.
Correia Tavares I, Santos Silva I, Cró de Nóbrega M, Antão C. ESTARÃO OS DOENTES COM FIBRILHAÇÃO AURICULAR MEDICADOS COM VARFARINA EFICAZMENTE HIPOCOAGULADOS? ESTUDO OBSERVACIONAL EM DUAS UNIDADES DE SAÚDE FAMILIAR DA REGIÃO DE LISBOA. RH [Internet]. 10 de Maio de 2022 [citado 21 de Novembro de 2024];(87):20-6. Disponível em: https://revistahipertensao.pt/index.php/rh/article/view/2

Edição

Secção

Artigo Original