ADESÃO À MEDICAÇÃO ANTIHIPERTENSORA EM DOENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA SEGUIDOS NUM HOSPITAL CENTRAL TERCIÁRIO

Autores

  • Diogo Pedroso Associação para a Investigação e Desenvolvimento da Faculdade de Medicina (AIDFM), Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa; Mestre em Farmacologia Aplicada, Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra
  • Ana Norberto Mestre em Farmacologia Aplicada, Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra
  • Ana Cabral Laboratório de Farmacologia e Cuidados Farmacêuticos, Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra; Institute for Clinical and Biomedical Research (iCBR), Coimbra
  • Marta Lavrador Laboratório de Farmacologia e Cuidados Farmacêuticos, Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra; Institute for Clinical and Biomedical Research (iCBR), Coimbra
  • Margarida Castel-Branco Laboratório de Farmacologia e Cuidados Farmacêuticos, Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra; Institute for Clinical and Biomedical Research (iCBR), Coimbra
  • Fernando Fernandez-Llimos Laboratório de Farmacologia, Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto
  • Lino Gonçalves Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra, Portugal; Departamento de Cardiologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Portugal
  • Isabel Vitória Figueiredo Laboratório de Farmacologia e Cuidados Farmacêuticos, Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra; Institute for Clinical and Biomedical Research (iCBR), Coimbra

DOI:

https://doi.org/10.58043/rphrc.4

Palavras-chave:

Insuficiência Cardíaca, Adesão à terapêutica, Medicação antihipertensora, Questionários, MUAH-16

Resumo

Introdução: A insuficiência cardíaca é uma síndrome do foro cardiovascular resultante de uma anomalia estrutural e/ou funcional do músculo cardíaco, originando a redução do débito cardíaco e elevação das pressões intracardíacas. A adesão à terapêutica antihipertensora tem uma grande influência no decurso da doença, não se limitando apenas ao tratamento da hipertensão, mas também à regulação do equilíbrio hidroeletrolítico e à redução da sobrecarga cardíaca. A identificação dos principais motivos subjacentes às baixas taxas de adesão à terapêutica farmacológica em doentes diagnosticados com insuficiência cardíaca permitirá uma otimização destes mesmos valores.

Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar a adesão à terapêutica antihipertensora em doentes com insuficiência cardíaca e as causas associadas à não adesão.
Materiais e Métodos: Estudo observacional transversal realizado no Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar e Universitário da Universidade de Coimbra, entre junho de 2019 e novembro de 2019, com inclusão de doentes com diagnóstico de Insuficiência Cardíaca, e prescrição de pelo menos um medicamento antihipertensor. Os dados relacionados com a informação sociodemográfica e estado de saúde do participante foram recolhidos e a versão curta do questionário Maastricht Utrecht Adherence in Hypertension, MUAH-16, foi aplicada.

Resultados: Foram incluídos no estudo 125 doentes, 72,8% do sexo masculino, com idade mediana de 65,7 ± 1,7 anos [62 com pressão arterial tendencionalmente alta a normal (HT) e 63 com pressão arterial tendencionalmente baixa (HoT)]. A pontuação mediana do MUAH-16 na amostra total foi de 93,4 ± 7,5 (num máximo de 112 pontos). Considerando as pontuações medianas das subescalas MUAH-16, sendo 28 pontos a pontuação máxima, os resultados obtidos foram: atitudes positivas em relação aos medicamentos e cuidados de saúde: 25,9 ± 2,6; falta de disciplina: 25,4 ± 3,5; aversão à medicação: 19,7 ± 4,7; atitudes proactivas em relação aos problemas de saúde: 22,1 ± 3,3. A análise de subgrupos demonstra que não existem diferenças estatisticamente significativas entre os pacientes com HT e HoT.

Conclusão: A população em estudo apresentou níveis satisfatórios de adesão à terapia antihipertensora. Apesar deste facto, podem ser obtidas melhorias se forem desenvolvidas estratégias específicas para diminuir a aversão à medicação e melhorar as atitudes proactivas em relação aos problemas de saúde.

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Publicado

2022-05-10

Como Citar

1.
Pedroso D, Norberto A, Cabral A, Lavrador M, Castel-Branco M, Fernandez-Llimos F, Gonçalves L, Vitória Figueiredo I. ADESÃO À MEDICAÇÃO ANTIHIPERTENSORA EM DOENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA SEGUIDOS NUM HOSPITAL CENTRAL TERCIÁRIO. RH [Internet]. 10 de Maio de 2022 [citado 20 de Abril de 2024];(87):14-9. Disponível em: https://revistahipertensao.pt/index.php/rh/article/view/4

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