AMPA: QUE INFORMAÇÕES ESTAMOS A PERDER

Autores

  • Cátia Machado Interna de formação específica em MGF – ACeS Baixo Vouga, UCSP Aveiro II
  • Lara Cabrita Interna de formação específica em MGF – ACeS Baixo Vouga, UCSP Aveiro II
  • Ana João Taveira Médica especialista de MGF
  • Pedro Damião Médico assistente graduado de MGF – ACeS Baixo Vouga, UCSP Aveiro II

DOI:

https://doi.org/10.58043/rphrc.63

Palavras-chave:

AMPA, HTA, Pressão de pulso, Frequência cardíaca, variabilidade PAS

Resumo

Introdução: As doenças cardiovasculares (CV) são um problema de saúde pública nas sociedades modernas, representando a hipertensão arterial (HTA) um dos principais fatores de risco, com consequente morbilidade e mortalidade associadas. Os métodos de avaliação da pressão arterial (PA) evoluíram nas últimas décadas, com uma maior acessibilidade e facilidade de utilização para a maioria da população, com a auto-medição da PA em ambulatório (AMPA) a ter um papel fundamental. Seria assim expectável a sua maior utilização na prática clínica a nível do diagnóstico, monitorização, tratamento e prognóstico da PA, sendo mais representativa dos valores reais da PA no dia-a-dia, comparativamente à PA de consultório. O uso da AMPA tem ganho uma importância e popularidade crescente como método complementar e até preferencial, pois permite uma avaliação longitudinal com uma reprodutibilidade superior. Estudos recentes mostram um valor preditivo superior na previsão da morbimortalidade CV. A AMPA fornece vários parâmetros com informação crucial para a tomada de decisões, entre os quais: PA sistólica (PAS), PA diastólica (PAD), pressão de pulso (PP), frequência cardíaca (FC) e variabilidade tensional.

Objetivos: Rever a evidência científica sobre a utilização da AMPA e dos seus parâmetros: PAS, PAD, FC, PP e variabilidade PAS na previsão de eventos CV futuros. Orientar e melhorar a leitura da AMPA, com a valorização dos diferentes parâmetros como a PP, a variabilidade tensional (medida pelo coeficiente de variação) e a percentagem de valores acima do valor de corte (equivalente à carga da monitorização ambulatória da pressão arterial - MAPA).

Métodos: Pesquisa bibliográfica de artigos originais, revisões sistemáticas e metanálises publicadas entre 1995 e 2020 nas bases de dados: Pubmed® e Google Scholar® utilizando os termos “HBPM”, “pulse pressure”, “variability of blood pressure” e “heart rate”.

Resultados: Validação científica dos diferentes parâmetros como preditores de eventos cardiovasculares futuros: a maioria da literatura baseia-se em medições da PA através da MAPA ou de consultório e, poucos utilizando a AMPA. Sobre a AMPA: valores de PAS e PAD mostraram relação com eventos CV futuros. PP e a variabilidade são ainda pouco estudados. PP, PAD e PAS medidas pela AMPA, foram fortemente correlacionadas com hipertrofia ventricular esquerda (HVE). A variabilidade tensional obtida pela AMPA foi também alvo de estudos na previsão de eventos CV, com uma grande relação com acidentes vasculares cerebrais. No entanto, esta relação com eventos cardíacos e outros eventos CV ainda não foi estabelecida. Este estudo realizado no Japão apontou algumas limitações, dado que nesta população, a relação entre a HTA e os eventos vasculares cerebrais está bem estabelecida e é superior aos eventos cardíacos.

Conclusões: A relação entre PA (obtida em consultório e MAPA) e eventos CV está bem estabelecida. Sem evidência clínica suficiente sobre a utilização e valorização de parâmetros como a PP, FC, variabilidade da PAS e “carga” obtidos através da AMPA. AMPA é um método com grande potencial de informação a ser aplicado na prática clínica do dia-a-dia.

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Publicado

2023-02-13

Como Citar

1.
Machado C, Cabrita L, Taveira AJ, Damião P. AMPA: QUE INFORMAÇÕES ESTAMOS A PERDER. RH [Internet]. 13 de Fevereiro de 2023 [citado 6 de Dezembro de 2024];(90):16-9. Disponível em: https://revistahipertensao.pt/index.php/rh/article/view/63

Edição

Secção

Artigo de Revisão