(DES)FOLLOW-UP DOS DOENTES HIPERTENSOS EM ANO DE PANDEMIA COVID-19 – A REALIDADE DE UMA UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR
DOI:
https://doi.org/10.58043/rphrc.66Palavras-chave:
Hipertensão, COVID-19, SARS-CoV-2, Cuidados de Saúde Primários, Follow-UpResumo
Introdução: A Hipertensão Arterial é um problema prevalente cujo seguimento decorre principalmente nos Cuidados de Saúde Primários (CSP). A necessidade de dar resposta à pandemia COVID-19 levou a reestruturações e alterações na prestaçãode serviços com consequente diminuição da atividade programada.
Objetivos: Avaliar o impacto da pandemia COVID-19 no follow-up e status de saúde dos hipertensos através da avaliação de 3 outcomes: (i) Percentagem de doentes que cumpriram com as recomendações existentes para o follow-up de doentes hipertensos no âmbito dos CSP; (ii) Percentagem de doentes que iniciaram e/ou intensificaram terapêutica farmacológica anti-hipertensiva nesse período; Comparação do perfil tensional dos doentes sem alterações farmacológicas antes e após a data de suspensão da atividade programada.
Métodos: Seleção dos doentes da Unidade Saúde Familiar (USF) Marco com a codificação K86 ou K87 (Hipertensão com ou sem complicações) a 01/02/2020; Critérios de exclusão: utentes não seguidos na USF e sem consulta nos 6 meses antes da data da suspensão da atividade programada. Variáveis: género, idade, pressão arterial, frequência cardíaca, índice de massa corporal, medicação habitual e data das consultas realizadas entre 15/09/2019 e 01/02/2021; Análise: teste t - variáveis contínuas antes e após a data de suspensão da atividade programada; Teste McNemar - variáveis categóricas. Nível de significância: p<0.05.
Resultados: n=1740. Apenas 27.6% hipertensos cumpriram com as recomendações de seguimento. 10.2% dos doentes iniciaram e/ou intensificaram terapêutica farmacológica anti-hipertensiva. Verificou-se um agravamento significativono perfil tensional (PAS [128.2 vs 134.3mmHg, p<0.001], PAD (74.9 vs 77.6mmHg, p<0.001) e PAM [92.7 vs 96.5mmHg, p<0.001]) e uma redução significativa na percentagem de hipertensos controlados (PA<140/90mmHg) nos doentes não sujeitos a alteraçõesfarmacológicas antes e após a suspensão da atividade programada (95.9% vs 80.3%,p<0.001).
Conclusões: A pandemia teve um impacto negativo no follow-up e status de saúde dos hipertensos seguidos nos CSP. A aceleração do processo de retorno à atividade presencial programada e o acompanhamento destes doentes por outros meios (p. ex. teleconsulta), serão fulcrais para inverter esta tendência e melhorar o seu outcome.
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