QUANDO UM MAL NUNCA VEM SÓ! - RELATO DE UM CASO DE ANEURISMA E DISSECÇÃO AÓRTICA CONCOMITANTES

Autores

  • A. Catarina Coelho da Silva Interna de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar no Centro de Saúde de Velas, Unidade de Saúde da Ilha de S. Jorge; morada: Rua Corpo Santo; 9800 - 541 Velas, Ilha de São Jorge
  • Ana Capcelea Interna de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar no Centro da Calheta, Unidade de Saúde da Ilha de S. Jorge, Relvinha 9850-076 Calheta, Ilha de São Jorge
  • Ana Isabel Redondeiro Interna de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar no Centro de Saúde de Velas, Unidade de Saúde da Ilha de S. Jorge; morada: Rua Corpo Santo; 9800 - 541 Velas, Ilha de São Jorge
  • Evangelina Nogueira Assistente Graduada no Centro de Saúde de Velas, Unidade de Saúde da Ilha de S. Jorge; morada: Rua Corpo Santo; 9800 - 541 Velas, Ilha de São Jorge

DOI:

https://doi.org/10.58043/rphrc.69

Palavras-chave:

dissecção aórtica, aneurisma da aorta abdominal, hipertensão, aterosclerose

Resumo

Introdução: A dissecção aórtica (DA) é uma doença da camada média do vaso, onde é criando um falso lúmen. Entre os principais fatores de risco salienta-se: sexo masculino; aterosclerose; hipertensão; tabagismo.1 O aneurisma da aorta abdominal (AAA) define-se por um diâmetro superior a 30mm e é de localização quase exclusivamente infra-renal.2 São mais comuns em homens acima dos 60 anos. Como principais fatores de risco apresentam-se também: a hipertensão; o tabagismo e a aterosclerose.2 O caso apresentado de seguida compila estas estas duas patologias e explana a dificuldade do seu diagnóstico, num meio com recursos físicos reduzidos.

Descrição do caso: Indivíduo do sexo masculino, 56 anos, fumador ativo e hipertenso. Foi admitido no serviço de atendimento permanente com um quadro de dor abdominal intensa, tipo facada, com irradiação para o flanco direito, com cerca de dois dias de evolução, associada a náuseas e vómitos. Ao exame objetivo apresentava tensão arterial (TA): 140/95mmHg; frequência cardíaca (FC): 101 batimentos por minuto; abdómen “em tábua” e palpava-se uma massa pulsátil abdómen. No estudo analítico: anemia normocítica normocrómica com elevação dos parâmetros inflamatórios. Foi evacuado para a urgência do hospital de referência, onde realizou um Angio-TC TAP que revelou: “disseção da aorta tipo B de Stanford, com início na crossa até à bifurcação ilíaca. À dissecção associa-se volumoso aneurisma (8,7cm), abaixo da emergência das artérias renais”. Foi então helitransportado para um hospital em Portugal continental, onde foi intervencionado.

Conclusão: Ao depararmo-nos com um doente do sexo masculino, com mais de 50 anos; hipertenso e dislipidémico e fumador ativo, é importante soar o alerta de doença vascular! O doente em estudo, apresenta-se com sinais e sintomas para os quais devemos de estar sempre atentos e perante os quais deveremos colocar como hipótese de diagnóstico o aneurisma da aorta: abdómen com sinais de irritação peritoneal, massa pulsátil, em homem fumador e hipertenso não controlado. Estes doentes necessitam de intervenção emergente sendo crucial, perante a sua suspeita, a transferência para um hospital diferenciado. Apesar do diagnóstico de DA ter sido acidental, os autores reforçam que a dislipidemia, hipertensão e tabagismo constituem fatores de risco para DA e que a mesma, não diagnosticada e tratada atempadamente, poderá resultar em morte. Os autores gostariam de salientar a importância do controlo dos FRCV assume nestas patologias e que está preconizado o rastreio de AAA com estudo ecográfico2 a todos os homens entre os 65 e 75 anos de idade, com história de tabagismo. Só desta forma é possível prevenir complicações emergentes, que em situações de insularidade são ainda mais difíceis de gerir. Salienta-se assim, as dificuldades que os médicos têm em realizar consultas de atendimento urgente num local com poucos recursos de imagem e alerta-se para a necessidade de existir uma boa cooperação e comunicação com os hospitais de referência.

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Referências

Wilson Michaelis et al; Dissecção aórtica tipo B de Standford: relato de caso e revisão da literatura; J vasc Bras. 2017 Jul-sep; 16(3): 252-257

Recomendações da ESC para o diagnóstico e tratamento das doenças aórticas, versão 2014

Luiz Cláudia F. do Amaral, Gustavo D. Salgado; Dissecção Aórtica Aguda; Revista Científica do Hospital Universitário Pedro Ernesto, v. 8, n. 2 (2009)

Dalila Rolim et al; Aneurisma tóraco-abdominal pós- dissecção crónica tipo B: um desafio anatómico com uma solução endovascular inesperadamente simples; Angiol Cir Vasc vol.12 no.1 Lisboa mar.2016;

Siso-Almirall A, Kostov B, Navarro Gonzalez M, Cararach Salami D, Perez Jimenez A, Gilabert Sole R, et al. (2017) Abdominal aortic aneurysm screening program using hand-held ultrasound in primary healthcare. PLoS ONE 12(4): e0176877

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Publicado

2023-02-13

Como Citar

1.
Coelho da Silva AC, Capcelea A, Redondeiro AI, Nogueira E. QUANDO UM MAL NUNCA VEM SÓ! - RELATO DE UM CASO DE ANEURISMA E DISSECÇÃO AÓRTICA CONCOMITANTES. RH [Internet]. 13 de Fevereiro de 2023 [citado 29 de Março de 2024];(91):38-42. Disponível em: https://revistahipertensao.pt/index.php/rh/article/view/69

Edição

Secção

Caso Clínico