Cálculo Do Risco Cardiovascular Usando Os Preditores De Risco SCORE e SCORE2 Numa Farmácia Comunitária

Autores

  • Anabela A. Fonseca Doutoranda em Ciências Farmacêuticas na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra - Farmacologia e Farmacoterapia - Laboratório de Farmacologia e Cuidados Farmacêuticos, Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
  • Tácio M. Lima PhD em Ciências - Fármaco e Medicamentos - Departamento de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, Brasil - Professor Adjunto do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (DCFAR-UFRRJ).
  • M. Margarida Castel-Branco Professora Auxiliar da Universidade de Coimbra Faculdade de Farmácia - Laboratório de Farmacologia e Cuidados Farmacêuticos - Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra; Institute for Clinical and Biomedical Research (iCBR), Coimbra
  • Isabel V. Figueiredo Professora Associada com Agregação da Universidade de Coimbra Faculdade de Farmácia - Laboratório de Farmacologia e Cuidados Farmacêuticos - Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra; Institute for Clinical and Biomedical Research (iCBR), Coimbra

DOI:

https://doi.org/10.58043/rphrc.99

Palavras-chave:

Doenças cardiovasculares, rastreio de fatores de risco, SCORE2, farmacêutico

Resumo

Introdução: As doenças cardiovasculares (DCV) são um problema de saúde pública importante a nível mundial, sendo responsáveis por uma elevada taxa de morbilidade e mortalidade. Através da implementação de programas de rastreio e da utilização de algoritmos de previsão de risco de DCV, os farmacêuticos comunitários podem detetar precocemente utentes com risco de DCV. Com o presente estudo pretendeu-se comparar a previsão do risco de DCV através dos algoritmos SCORE e SCORE2 em utentes de uma farmácia comunitária que não se encontravam sob terapêutica cardiovascular.
Métodos: Estudo observacional transversal realizado numa farmácia comunitária portuguesa. Procedeu-se ao registo de todos os utentes que entraram na farmácia no período de uma semana, os quais foram posteriormente contactados tendo em vista a participação no estudo. Posteriormente, durante uma entrevista, o farmacêutico registou os dados sociodemográficos, avaliou parâmetros fisiológicos, bioquímicos e determinou o risco cardiovascular dos utentes. Para análise deste estudo foram apenas considerados os utentes que não estavam sob terapêutica cardiovascular. Para a avaliação do SCORE aplicaram-se os fatores de risco idade, sexo, tabagismo, pressão arterial sistólica e colesterol total. Para a avaliação do SCORE2 aplicaram-se os mesmos fatores de risco, mas utilizou-se o colesterol não HDL em vez do colesterol total.
Resultados: Dos utentes contactados, 56,4% (n=621) aceitaram o convite para participar no estudo e 53,4% (n=588) efetivamente voltaram à farmácia para a avaliação do seu risco cardiovascular. Dos 588 participantes, 56,6% já estavam sob terapêutica cardiovascular, tendo sido excluídos do estudo. Dos 43,4% (n=255) que não se encontravam sob terapêutica cardiovascular, 94,9% (n=242) apresentavam pelo menos um fator de risco cardiovascular modificável: 18,4% (n=47) tabagismo, 60,4% (n=154) dislipidemia, 53,7% (n=137) excesso de peso, 41,6% (n=106) hipertensão, 21,6% (n=55) glicemia em jejum alterada e 57,7% (n=147) sedentarismo. Aplicaram-se os algoritmos SCORE e SCORE2 aos 150 participantes elegíveis. Da aplicação da escala SCORE, que estima o risco de DCV fatal a 10 anos, 96,0% foram estratificados com risco cardiovascular baixo a moderado, 2,7% risco cardiovascular elevado e 1,3% risco cardiovascular muito elevado. Com a escala SCORE2, que estima o risco de DCV fatal e não fatal a 10 anos, 64,7% apresentavam risco cardiovascular baixo a moderado, 32,0% risco cardiovascular elevado e 3,3% risco cardiovascular muito elevado.
Conclusão: O algoritmo SCORE2 proporcionou uma maior discriminação na classificação do risco nas faixas etárias mais baixas, fator importante em rastreios de DCV, permitindo assim assinalar um maior número de utentes que poderão beneficiar de intervenção precoce. Demonstrou-se ainda a viabilidade do rastreio de risco de DCV nas farmácias comunitárias, quer pela elevada percentagem de utentes que aceitaram avaliar o seu risco cardiovascular pelo farmacêutico comunitário, quer pela elevada prevalência de doentes em risco de DCV rastreados.

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Publicado

2024-07-29

Como Citar

1.
A. Fonseca A, M. Lima T, Castel-Branco MM, V. Figueiredo I. Cálculo Do Risco Cardiovascular Usando Os Preditores De Risco SCORE e SCORE2 Numa Farmácia Comunitária. RH [Internet]. 29 de Julho de 2024 [citado 16 de Setembro de 2024];(102):18-25. Disponível em: https://revistahipertensao.pt/index.php/rh/article/view/99

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