UMA HIPERTENSÃO ARTERIAL DE DIFÍCIL CONTROLO – UM CASO DE PSEUDOHIPERTENSÃO RESISTENTE
DOI:
https://doi.org/10.58043/rphrc.21Resumo
Introdução: As doenças cardio e cerebrovasculares continuam a ser a principal causa de morte a nível mundial, para as quais existem diversos fatores de risco, sendo a hipertensão arterial (HTA) o mais prevalente. Em 5-10% dos casos de HTA, existe uma causa secundária, existindo situações que devem levar à sua suspeição como a idade jovem ou a HTA resistente. Esta corresponde a uma hipertensão não controlada apesar de medicada que deve ser abordada com cuidado e investigada.
Caso Clínico: Mulher de 44 anos, sem antecedentes relevantes, apresenta HTA de novo com ida ao Serviço de Urgência (SU) diversas vezes por crises hipertensivas no final de 2016. Da avaliação no seu médico assistente, constata-se hipertensão de difícil controlo e estudo de hipertensão secundária negativo. Foi medicada corretamente, mas ao longo de 6 meses, com vários ajustes na medicação, apresentava sempre valores elevados de pressão arterial (PA), assumindo-se como um caso de HTA resistente. Numa das consultas de reavaliação, após exploração da situação, apura-se a existência de um quadro de depressão e ansiedade com má adesão ao tratamento. Decide-se medicar e intervir na adesão à terapêutica e ao longo do tempo verifica- se uma estabilização dos valores de PA.
Discussão: Este caso demonstra uma situação de pseudo-HTA resistente numa doente complexa. Existem diversos fatores que podem influenciar o controlo tensional, desde a adesão terapêutica a fatores externos que afetam a vida dos doentes, como problemas laborais, familiares, ansiedade e depressão, elementos estes que podem ter sido a causa desta HTA de difícil controlo. A abordagem abrangente e individual de cada situação, bem como a relação médico-doente, tem um papel fundamental no controlo de cada doença crónica.
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