HIPERTENSÃO RENOVASCULAR NEONATAL E LESÃO ÓRGÃO- ALVO

Autores

  • Ana Cristóvão Ferreira Interna de Formação Especializada em Pediatria Médica, Serviço de Pediatria Médica, Departamento de Pediatria, Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, EPE
  • Mónica Rebelo Assistente graduada em Cardiologia Pediátrica, Serviço de Cardiologia Pediátrica, Departamento de Pediatria, Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar de Lisboa Norte, EPE
  • Luísa Lobo Assistente graduada em Radiologia, Serviço de Imagiologia, Hospital de Santa Maria -Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, EPE
  • Carla Simão Assistente graduada em Pediatria Médica, Área de Hipertensão do Serviço de Pediatria, Serviço de Pediatria Médica, Departamento de Pediatria, Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, EPE; Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.58043/rphrc.27

Palavras-chave:

Neonatal, hipertensão secundária (renovascular), lesão órgão-alvo

Resumo

Introdução: A hipertensão arterial neonatal define-se como valores tensionais superiores ao percentil 95 para a idade pós- menstrual e, nesta faixa etária, é geralmente secundária a doença renal (parenquimatosa ou renovascular). A lesão de órgão-alvo pode estar presente sendo potencialmente reversível, pelo que o diagnóstico e a instituição de terapêutica dirigida à causa devem ser precoces.

Descrição de caso: Recém-nascida de termo, 2a filha de pais jovens e não consanguíneos, mãe diabética (diabetes mellitus tipo II), surgiu ao 3o dia de vida com dificuldade alimentar, hiporreatividade e com valores de hipertensão arterial, sem diferencial nos quatro membros, sem alteração na palpação dos pulsos. A avaliação cardíaca com ecocardiograma revelou compromisso da função biventricular, dilatação das cavidades direitas e hipertrofia do ventrículo esquerdo. A avaliação analítica inicial da função renal foi normal e a ecografia renal com doppler colocou a suspeita de estenose da artéria renal esquerda. A angiografia por tomografia computorizada (angio-TC) abdominal confirmou a estenose e obliteração da artéria renal esquerda, com redução da sua permeabilidade e ausência de perfusão do rim homolateral. Efetuou-se um cateterismo para melhor esclarecimento etiológico e tentativa de resolução da situação clínica, colocando-se a hipótese de obstrução por trombo, motivo pelo qual iniciou terapêutica com heparina de baixo peso molecular. A terapêutica hipotensora instituída inicialmente por via endovenosa foi ao 17o dia de vida substituída por terapêutica oral com melhoria gradual e controlo dos valores de pressão arterial. Teve alta aos 30 dias de vida, com acompanhamento multidisciplinar e com controlo dos valores tensionais. A reavaliação cardíaca à data da alta revelou regressão das alterações inicialmente descritas. A evolução nefrológica revelou a perda de função do rim esquerdo, compatível com a presença de estenose funcionalmente significativa da artéria renal esquerda. Foi submetida a nefrectomia esquerda aos nove meses. O exame anatomopatológico foi compatível com o diagnóstico clínico de estenose da artéria renal esquerda por provável hipoplasia desta. Mantém o seguimento e atualmente já sem terapêutica hipotensora.

Conclusão: A hipertensão neonatal é rara e está habitualmente associada a causa secundária, sendo na maioria dos casos tratável. A lesão de órgão-alvo pode surgir em idades tão precoces como o período neonatal. Uma abordagem precoce e adequada permite a reversão dos achados, com um bom prognóstico.

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Publicado

2022-05-28

Como Citar

1.
Cristóvão Ferreira A, Rebelo M, Lobo L, Simão C. HIPERTENSÃO RENOVASCULAR NEONATAL E LESÃO ÓRGÃO- ALVO. RH [Internet]. 28 de Maio de 2022 [citado 18 de Dezembro de 2024];(84):18-24. Disponível em: https://revistahipertensao.pt/index.php/rh/article/view/27

Edição

Secção

Caso Clínico