NOVAS TECNOLOGIAS NO CONTROLO DA HIPERTENSÃO – AVALIAÇÃO DE UM NOVO DISPOSITIVO SEM BRAÇADEIRA EM CONTEXTO CLÍNICO

Autores

  • Mikael Tomás Xufre Faculdade de Ciencias da Saúde da Universidade de Beira Interior
  • Miguel Castelo-Branco Médico Assistente Graduado de Medicina Interna no Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira (CHUCB) e Professor Catedrático de Medicina da Faculdade de Ciencias da Saúde da Universidade de Beira Interior

DOI:

https://doi.org/10.58043/rphrc.20

Resumo

Introdução: Conhecido como fator de risco cardiovascular mais prevalente, a Hipertensão arterial (HTA) afeta cerca de 1,13 mil milhões de pessoas em todo o mundo. É apontada como causa em até 45% das mortes por doença cardiovascular e 51% das mortes por Acidente Vascular Cerebral (AVC). Sabe-se atualmente que uma das razões é o facto dos doentes com HTA terem maior risco de desenvolver Fibrilhação Auricular (FA) e consequente embolização de trombos auriculares para a circulação cerebral. Foi demonstrado que reduzir e manter a pressão arterial (PA) de doentes hipertensos em níveis considerados ideais tem um impacto significativo na redução da mortalidade e morbilidade associada. Assim, o controlo da doença hipertensiva torna-se fundamental. Além do envolvimento do doente, que é fulcral, algumas tecnologias têm-se mostrado promissoras no sentido de melhorar esse controlo como a telemonitorização e os algoritmos de deteção de FA nos medidores de PA. Novos dispositivos têm tentado combinar estas tecnologias com uma maior facilidade de utilização, como smartwatches ou outros medidores de pulso com ou sem braçadeira, no entanto, a maioria falha em obter certificação e validação clínica. Neste estudo é avaliado a opinião dos utilizadores de um novo medidor de PA portátil, sem braçadeira, que engloba também medição da frequência cardíaca, telemonitorização e deteção de ritmos suspeitos de FA. A medição é realizada em cerca de 10 segundos ao nível do pulso e tem a vantagem de estar já certificado e clinicamente validado pela Sociedade Europeia de Hipertensão.

Objetivos: Avaliar a opinião de doentes com HTA na utilização de um novo dispositivo portátil sem braçadeira (Freescan®, Maisense) após 1 mês de utilização, através de questionário, e ainda avaliar o número de medições recomendadas realizadas.

Métodos: Foram recrutados doentes seguidos em consulta de HTA que tivessem acesso a um smartphone (necessário para telemonitorização) e interesse em participar. Foi fornecido um dispositivo Freescan®, demostrado o seu funcionamento e feito a calibração com um medidor de PA digital com braçadeira (Rossmax X5®). Para o seguimento foi pedido aos participantes que efetuassem 2 medições consecutivas de manhã antes de tomar a medicação para a HTA e 2 medições consecutivas ao fim do dia, preferencialmente antes de jantar. Após 4 semanas marcou-se um encontro para recolher o dispositivo e para responderem a um questionário, de forma a avaliar a opinião do participante sobre diferentes aspetos do Freescan®.

Resultados: Obteve-se uma amostra final de 20 participantes. A média de idade foi de 57,15 (desvio padrão (DP) 9,88) anos. A média de dias com pelo menos 1 medição foi de 23,05 (DP 8,60), correspondendo a 82,32% dos 28 dias. A média do número de medições recomendadas realizadas foi de 61,80 (DP 36,05), correspondendo a 55,18% do total de medições recomendadas, 112. Aos questionários, 95% respondeu ser fácil aprender a utilizar o Freescan® (Resposta 4 “Concordo” ou 5 “Concordo totalmente”), 80% ser fácil realizar medições (4 ou 5), 70% confiam nos valores de PA (4 ou 5), 100% que foi fácil telemonitorizar os dados (4 ou 5), 100% acham importante o envio dos dados para o médico (4 ou 5) e 70% prefere o Freescan® aos medidores com braçadeira. Durante o estudo foram ainda sinalizados ao médico responsável 7 casos de HTA não controlada e 3 casos com pelo menos uma medição suspeita de FA. O número de medições realizadas não foi significativamente diferente entre os diferentes sexos e idades.

Conclusão: No estudo prospetivo em doentes hipertensos acompanhados em consulta hospitalar de Hipertensão, a maioria dos participantes preferiu o Freescan® aos medidores com braçadeira e houve uma boa adaptação à nova tecnologia, verificando-se uma boa adesão ao número de medições recomendadas realizadas independentemente da idade e do sexo. Assim, a preferência dos participantes por este dispositivo aliado às tecnologias de telemonitorização e deteção de FA leva-nos a concluir que estes novos dispositivos poderão ter um papel importante no seguimento dos doentes com HTA, com potencial para aumentar o controlo da HTA e diminuir a mortalidade e morbilidade associadas a esta doença.

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Publicado

2022-05-28

Como Citar

1.
Tomás Xufre M, Castelo-Branco M. NOVAS TECNOLOGIAS NO CONTROLO DA HIPERTENSÃO – AVALIAÇÃO DE UM NOVO DISPOSITIVO SEM BRAÇADEIRA EM CONTEXTO CLÍNICO. RH [Internet]. 28 de Maio de 2022 [citado 22 de Dezembro de 2024];(85):8-19. Disponível em: https://revistahipertensao.pt/index.php/rh/article/view/20

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